Com a proibição de três medicamentos – anfepramona, femproporex e
mazindol – pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a
sibutramina é hoje a única droga usada para emagrecer que atua sobre o
sistema nervoso. Além dela, só há mais um remédio disponível para esse
fim, o orlistate – cujo nome de mercado é Xenical – que age sobre a
absorção de gordura no intestino.
O farmacêutico Ivan da Gama Teixeira, diretor técnico e vice-presidente
da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), contou
que a substância surgiu como um antidepressivo. “Viram que a diminuição
do apetite era um efeito colateral e o remédio passou a ser usado como
emagrecedor”, explicou.
Contudo, o que a sibutramina faz no cérebro não é exatamente inibir o
apetite, como é o caso dos remédios que foram proibidos. Na verdade, ela
estimula a saciedade. “Na prática, o paciente fica satisfeito com menos
comida”, resumiu o endocrinologista Walmir Coutinho, pesquisador que
participou da pesquisa “Scout”, a maior já feita sobre o remédio, que
acompanhou pouco menos de 10 mil pacientes durante um período médio de 3
anos e 5 meses.
Os especialistas consultados pelo G1 explicaram que a sibutramina age
sobre dois neuro transmissores: a serotonina e a noradrenalina. Esses
neurotransmissores funcionam entre os neurônios, levando informações de
um para o outro. Nesse processo, geram a sensação de saciedade.
Normalmente, isso ocorre num curto período de tempo, e eles retornam
para dentro das células – o que é chamado de recaptação. O que a
sibutramina faz é retardar essa recaptação, ou seja, a serotonina e a
noradrenalina ficam por mais tempo fazendo a ligação entre os neurônios e
deixam o indivíduo saciado.
Efeitos colaterais
Coutinho afirmou que os cientistas ainda estão tentando entender mais
detalhes sobre o funcionamento da substância. Por isso, ainda não se
sabe explicar por que ocorrem os efeitos colaterais, que, segundo ele,
podem ser boca seca, taquicardia e insônia.
A pesquisa “Scout” registrou ainda que, entre pessoas que já têm alto
risco de doenças cardiovasculares – como enfarte e derrame –, esse risco
aumenta. No entanto, ainda não há explicação de como isso acontece no
corpo humano.
Fonte: G1
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