Pesquisadores do Ital alertam: o cheiro gostoso da gordura que respinga no carvão, sinaliza toxicidade e risco
Alimentos aparentemente
inofensivos e que estão na nossa mesa todos os dias podem representar
alguma ameaça à saúde. Neste caso, o perigo não está na matéria-prima,
mas supostamente na formação de substâncias tóxicas condicionadas ao
processo aplicado no alimento ou das reações químicas entre os próprios
compostos presentes no alimento ou adicionados durante esse
processamento.
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Foto: Divulgação |
Os danos que podem provocar ao ser humano ainda
não estão totalmente esclarecidos para a ciência. Pesquisadores levantam
que resíduos são esses e os contaminantes químicos que podem colocar a
saúde em risco. Os primeiros resultados preocupam.
O churrasco, quem diria
Um
grupo de cinco pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos
(Ital), órgão da secretaria estadual da Agricultura, que fica em
Campinas, analisa a presença de toxinas em alimentos comuns durante o
processamento deles. E o mais importante: a maioria se forma no
tratamento térmico.
Um dos exemplos de contaminação no manuseio
está no churrasco. Os chamados hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPA), formados quando a gordura da carne respinga sobre o carvão em
função do calor, se unem à fumaça e aderem ao alimento que vai direto
para a boca. Os estudos indicaram que a ingestão elevada de HPAs pode
oferecer prejuízos à saúde, uma delas o desenvolvimento de câncer.
Perigo na fritura
Outros
alimentos estudados pelos cientistas ligados ao processamento envolvem
óleo, em razão da fritura, cloreto de sódio e gordura saturada. Foram
analisados até agora e encontrados em grau de baixa toxidade no
cafezinho e nos caldos de cana em carrinhos. Agora em novembro começam
os estudos que irão avaliar o azeite de oliva.
Furano na prateleira
A
pesquisadora Adriana Pavesi Arisseto estuda os efeitos do furano sobre
os alimentos. A substância contamina, pode causar câncer e foi
identificada no café pela primeira vez, em 1968. A preocupação veio à
tona com estudo FDA, sigla em inglês que significa Administração
Americana de Alimentos e Medicamentos. O levantamento revelou a presença
do furano em vários alimentos que foram processados em embalagens
fechadas, vendidos em conserva e alimentos infantis, e produtos à base
de cereais, como o pão. "Mesmo com os estudos sobre os contaminantes o
mecanismo certo de formação das substâncias ainda é incerto", afirmou a
pesquisadora.
Até batata frita...
O
pesquisador Eduardo Vicente cita outras pesquisas que podem apontar para
a contaminação com a acrilamida. "Dependendo de como a batata é
conservada na geladeira, com mais de 6 graus, ela pode produzir
substâncias tóxicas depois de frita", acredita.
Futuro
A
também pesquisadora Silvia Amélia Verdiani Tfouni diz que o desafio é
esse: é inevitável a contaminação e o potencial tóxico que apresenta,
associado a outros elementos, pode causar câncer, entre outros riscos.
"Os processos podem levar algumas desvantagens, dentre elas uma
eventual formação de substâncias tóxicas", explicou.
Para Eduardo
Vicente, o processamento dá uma margem de segurança alimentar, elimina
bactérias e a maior preocupação é com os resultados da contaminação no
futuro com a grande ingestão de alimentos expostos a riscos no
processamento, como indicam as pesquisas. Isso também ainda é incerto
para os cientistas.
A dica, enquanto avançam os estudos, é diversificar a alimentação o mais que puder.