terça-feira, 4 de outubro de 2011

Até tu, churrasco?



Pesquisadores do Ital alertam: o cheiro gostoso da gordura que respinga no carvão, sinaliza toxicidade e risco

Alimentos aparentemente inofensivos e que estão na nossa mesa todos os dias podem representar alguma ameaça à saúde. Neste caso, o perigo não está na matéria-prima, mas supostamente na formação de substâncias tóxicas condicionadas ao processo aplicado no alimento ou das reações químicas entre os próprios compostos presentes no alimento ou adicionados durante esse processamento.


Pesquisadores do Ital trabalham com  carne no estudo de processamento de alimentos
Foto: Divulgação 
Os danos que podem provocar ao ser humano ainda não estão totalmente esclarecidos para a ciência. Pesquisadores levantam que resíduos são esses e os contaminantes químicos que podem colocar a saúde em risco. Os primeiros resultados preocupam.

O churrasco, quem diria
Um grupo de cinco pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), órgão da secretaria estadual da Agricultura, que fica em Campinas, analisa a presença de toxinas em alimentos comuns durante o processamento deles. E o mais importante: a maioria se forma no tratamento térmico.

Um dos exemplos de contaminação no manuseio está no churrasco. Os chamados hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), formados quando a gordura da carne respinga sobre o carvão em função do calor, se unem à fumaça e aderem ao alimento que vai direto para a boca. Os estudos indicaram que a ingestão elevada de HPAs pode oferecer prejuízos à saúde, uma delas o desenvolvimento de câncer.

Perigo na fritura
Outros alimentos estudados pelos cientistas ligados ao processamento envolvem óleo, em razão da fritura, cloreto de sódio e gordura saturada. Foram analisados até agora e encontrados em grau de baixa toxidade no cafezinho e nos caldos de cana em carrinhos. Agora em novembro começam os estudos que irão avaliar o azeite de oliva.

Furano na prateleira
A pesquisadora Adriana Pavesi Arisseto estuda os efeitos do furano sobre os alimentos. A substância contamina, pode causar câncer e foi identificada no café pela primeira vez, em 1968. A preocupação veio à tona com estudo FDA, sigla em inglês que significa Administração Americana de Alimentos e Medicamentos. O levantamento revelou a presença do furano em vários alimentos que foram processados em embalagens fechadas, vendidos em conserva e alimentos infantis, e produtos à base de cereais, como o pão. "Mesmo com os estudos sobre os contaminantes o mecanismo certo de formação das substâncias ainda é incerto", afirmou a pesquisadora.

Até batata frita...
O pesquisador Eduardo Vicente cita outras pesquisas que podem apontar para a contaminação com a acrilamida. "Dependendo de como a batata é conservada na geladeira, com mais de 6 graus, ela pode produzir substâncias tóxicas depois de frita", acredita.

Futuro
A também pesquisadora Silvia Amélia Verdiani Tfouni diz que o desafio é esse: é inevitável a contaminação e o potencial tóxico que apresenta, associado a outros elementos, pode causar câncer, entre outros riscos. "Os processos podem levar algumas desvantagens, dentre elas uma eventual formação de substâncias tóxicas", explicou.

Para Eduardo Vicente, o processamento dá uma margem de segurança alimentar, elimina bactérias e a maior preocupação é com os resultados da contaminação no futuro com a grande ingestão de alimentos expostos a riscos no processamento, como indicam as pesquisas. Isso também ainda é incerto para os cientistas.

A dica, enquanto avançam os estudos, é diversificar a alimentação o mais que puder.

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