segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Conheça os benefícios nutricionais da batata-doce.


O amido e a fécula são as principais fontes de carboidratos na alimentação humana, em todo o mundo. Apesar dos dois termos serem comumente confundidos e a palavra amido ser utilizada para designar todos os carboidratos complexos de uma forma geral, há uma diferença sutil: o amido é extraído das partes aéreas comestíveis dos vegetais, enquanto a fécula advém das partes subterrâneas. Deste modo, temos “amido de milho” e “fécula de batata”.

Há diferentes espécies e cultivares de batata, todas densamente energéticas devido ao grande teor de fécula; a batata-inglesa é o exemplo mais popular de um tubérculo, que é a parte subterrânea arredondada do caule que funciona como reserva de energia para a planta; a batata-doce, por sua vez, é uma raiz tuberosa, muito mais desenvolvida do que os tubérculos e capaz de armazenar muito mais nutrientes, como vitaminas C e E, vitaminas do complexo B, cálcio, magnésio, ferro, fósforo, potássio e betacaroteno.

Além de mais nutritiva, a batata-doce é um vegetal rústico e de cultivo fácil e barato. Ela é cultivada desde as regiões mais secas às regiões tropicais, subtropicais ou temperadas, bem como protege melhor o solo de erosões em relação às culturas de milho, feijão e soja. Consumida nas Américas Central e do Sul há pelo menos dez mil anos, como atestam registros maias e resíduos ressecados, encontrados em cavernas peruanas, posteriormente foi introduzida na Europa por Cristóvão Colombo, sendo hoje produzida principalmente na Ásia.

Existem quatro tipos de batata-doce no Brasil, classificados segundo a cor da polpa: 1) a batata-branca (também denominada angola ou terra-nova) não é muito doce e apresenta polpa bem seca; 2) a batata-amarela também apresenta polpa seca, embora mais adocicada; 3) a batata-roxa apresenta casca e polpa dessa cor, sendo a mais apreciada pelo sabor e pelo aroma; 4) a batata-doce-avermelhada (conhecida pelos nordestinos como coração-magoado) tem casca parda e polpa amarela, com veios avermelhados ou mesmo roxos.

Enquanto a coloração amarelada deve-se à presença de betacaroteno, que possui ação antioxidante e previne certos tipos de câncer, a coloração arroxeada é formada pela deposição de antocianinas, pigmentos naturais com ação igualmente antioxidante, encontrados, por exemplo, também nas frutas vermelhas e na casca da jabuticaba.

A batata-inglesa, bastante difundida, é menos calórica, mas é rica em carboidratos de alto índice glicêmico, os quais fazem com que o pâncreas produza muita insulina, hormônio que conduz açúcar para dentro das células e, em excesso, incentiva o organismo a armazenar gordura, sobretudo na região abdominal.

A batata-doce, por outro lado, é rica em carboidratos complexos de baixo índice glicêmico que, digeridos e absorvidos lentamente, estimulam pouco a liberação de insulina, reduzindo o risco de diabetes, obesidade e, ainda, controlando o apetite. Um desses carboidratos é o amido resistente, que nem sequer sofre digestão e comporta-se como uma fibra insolúvel, atraindo moléculas de açúcar e gordura e retardando a sua absorção, evitando assim o aumento de LDL-colesterol, a fração nociva do colesterol, e de triglicerídeos.

O uso da batata-doce em preparações típicas das festas juninas e em combinação com mel, canela, coco e noz-moscada é bem conhecido. Porém, ela pode entrar em qualquer prato salgado em substituição à batata-inglesa, como purê, salada, sopa e bacalhoada. Embora a quantidade de calorias seja maior, a de nutrientes e compostos bioativos também é, exercendo, ao lado dos carboidratos de baixo índice glicêmico, ação antioxidante, desintoxicante, alcalinizante, anti-inflamatória e de combate ao ganho de peso, ao envelhecimento precoce e ao risco de desenvolvimento de doenças crônicas.

*Texto elaborado pelo depto. científico da VP Consultoria Nutricional

Referências Científicas:

1. GURGEL, C. S. S.; FARIAS, S. M. O. C.; FARIAS, L. R. G.; MOREIRA, R. T. Análise sensorial de sorvete de batata-doce. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais; 13(1): 21-26, 2011.

2. NABUCO, C. É batata… é doce, mas emagrece. Revista Boa Forma, p. 112-116, setembro 2012.

3. PERES, R. Batata-doce - o carboidrato do atleta. http://www.rodolfoperes.com.br/artigos-ler.php?cod=74&q=BATATA-DOCE-%96-O-CARBOIDRATO-DO-ATLETA.

4. SILVA, J. B. C.; LOPES, C. A.; MAGALHÃES, J. S. Cultura da batata-doce. http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/batatadoce/origem.htm.

5. SOUZA, A. B. Avaliação de cultivares de batata-doce quanto a atributos agronômicos desejáveis. Ciênc Agrotec; 24(4): 841-845, 2000.

6. VIEIRA, F. C. Efeito do tratamento com calor e baixa umidade sobre características físicas e funcionais dos amidos de mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza), de batata-doce (Ipomoeba batatas) e de gengibre (Zingiber officinale). Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba (SP), 2004.

7. VOLP, A. C. P.; RENHE, I. R. T.; BARRA, K.; STRINGUETA, P. C. Flavonoides antocianinas: características e propriedades na nutrição e saúde. Rev Bras Nutr Clin; 23(2): 141-149, 2008.

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